Casos de hanseníase aumentam em Pernambuco: entenda os riscos e o tratamento

 

Estado registra alta significativa da doença em 2024; diagnóstico precoce e tratamento gratuito são essenciais para o controle

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) registrou 1.577 casos de hanseníase em 2024, um aumento significativo em relação aos 1.172 casos do ano anterior. A taxa de detecção foi de 16,3 casos por 100 mil habitantes, indicando uma alta da doença no Estado.

O Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos de hanseníase, ficando atrás apenas da Índia. A doença continua sendo um problema importante de saúde pública no país, sendo monitorada e controlada por meio de ações específicas, como o tratamento gratuito e a conscientização sobre a importância da detecção precoce.

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, uma bactéria que se multiplica lentamente no corpo humano, afetando principalmente a pele, os nervos periféricos, as vias respiratórias superiores e os olhos. O tratamento adequado pode curar a doença, mas a falta de diagnóstico precoce pode levar a complicações graves e permanentes, como deficiências físicas.

Transmissão 

Para que ocorra a infecção, é necessário um longo período de exposição à bactéria, e apenas uma pequena parcela da população infectada desenvolve a doença. A transmissão ocorre principalmente por vias respiratórias, quando uma pessoa com a forma infectante da doença elimina o bacilo no ar, por meio de tosse, espirro ou fala. No entanto, o contágio requer contato próximo e prolongado, e não é transmitido por meio de objetos de uso comum, como roupas, talheres ou abraços.

Os pacientes com hanseníase paucibacilar (PB), que têm poucos bacilos na pele, não são fontes importantes de transmissão. Já os pacientes com hanseníase multibacilar (MB), que têm uma grande carga bacilar, representam risco de contágio enquanto não iniciam o tratamento.

Sintomas  

Segundo informações do Ministério da Saúde, os sinais clínicos mais comuns da hanseníase incluem:

Manchas na pele: as lesões podem ser de várias cores, como brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas.
Alterações na sensibilidade: a pele nas áreas afetadas pode apresentar perda de sensação ao calor, frio, dor e/ou toque.
Espessamento da pele e nervos periféricos: esse é um sintoma característico da hanseníase, podendo ser acompanhado de alterações motoras (dificuldade de movimento) e autonômicas (diminuição do suor, por exemplo).
Diminuição dos pelos e do suor: áreas afetadas podem ter diminuição da pilosidade e da produção de suor.
Sensação de formigamento ou cãibras: principalmente nas extremidades, como mãos e pés.
Caroços ou nódulos na pele: em alguns casos, surgem nódulos avermelhados, que podem ser dolorosos.
Esses sintomas podem variar dependendo do tipo de hanseníase e da fase em que a doença se encontra. A hanseníase multibacilar (MB) pode ter sintomas mais graves, com maior risco de complicações.

Diagnóstico 

O diagnóstico é realizado por meio de um exame clínico detalhado, que inclui a análise de lesões na pele e alterações de sensibilidade, além da avaliação neurológica.

Em casos suspeitos de comprometimento neural, os pacientes são encaminhados para unidades de saúde mais complexas, onde exames complementares são realizados. Isso pode incluir baciloscopia (análise de secreções da pele para identificar o bacilo), exames histopatológicos e eletrofisiológicos, para avaliar o grau de comprometimento dos nervos periféricos.

Tratamento 

A SES-PE, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza tratamento gratuito e acompanhamento dos pacientes diagnosticados com hanseníase.

De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento consiste na Poliquimioterapia Única (PQT-U), que combina três antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Para os pacientes com hanseníase paucibacilar (PB), durando seis meses; já para os com hanseníase multibacilar (MB), dura 12 meses.

O tratamento é gratuito e está disponível nas unidades de saúde estaduais, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAEs) e hospitais de referência, como o Hospital Geral da Mirueira, em Paulista, e o Hospital Otávio de Freitas, em Recife.

Além disso, a Secretaria de Saúde realiza campanhas de conscientização e intensifica o monitoramento de casos, principalmente nas áreas mais afetadas, com a meta de reduzir a transmissão e as complicações da doença.

Acompanhamento 

O tratamento da hanseníase com a Poliquimioterapia Única (PQT-U) é eficaz e leva à cura da doença. No entanto, é fundamental que o paciente siga o regime de medicamentos de forma regular e completa, para garantir a erradicação dos bacilos e evitar recaídas. Além disso, o paciente passa a não ser mais transmissor da doença após o início do tratamento.

O Ministério da Saúde informou que as Secretarias de Saúde dos Estado também oferece uma ferramenta importante para o acompanhamento do tratamento: a Caderneta de Saúde da Pessoa Acometida pela Hanseníase, que serve para registrar o progresso do tratamento e fornecer orientações sobre autocuidado, direitos e controle da doença.

A caderneta é entregue ao paciente no momento do diagnóstico e é uma importante ferramenta de gestão de saúde para os profissionais.

Fonte: Diario de Perbnambuco

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